sábado, 31 de janeiro de 2009

Lula afirma que vai realizar Conferência Nacional de Comunicação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou a realização da I Conferência Nacional de Comunicação. Em entrevista coletiva após sua participação em atividades relacionadas ao Fórum Social Mundial o presidente afirmou que o governo vai realizar a conferência.

“O que nós vamos fazer agora é uma grande conferência sobre comunicação no Brasil”, disse Lula, em resposta a pergunta sobre políticas na área de comunicação.

O presidente, entretanto, não falou em datas. Mais cedo, no entanto, o ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência, havia citado a conferência de comunicação entre as que serão realizadas este ano pelo governo federal. A Secretaria-Geral é responsável pela coordenação dos espaços de participação direta do governo federal, inclusive as diversas conferências da área social.

A realização da I Conferência Nacional de Comunicação é uma reivindicação de diversas organizações e movimentos sociais. Há cerca de um ano e meio, um grupo de entidades e mais duas comissões permanentes da Câmara dos Deputados (a de Direitos Humanos e Minorias – CDHM – e a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática – CCTCI) criaram a Comissão Pró-Conferência Nacional de Comunicação. No início de dezembro, a comissão apresentou ao Executivo a sua proposta para a convocação e organização do processo.

O site Tele.Síntese informa que há uma reunião marcada para 3 de fevereiro, no Palácio do Planalto, entre a Secretaria-Geral, a Casa Civil e o Ministério das Comunicações para acertar detalhes do decreto presidencial que deve convocar a conferência.

O decreto vai estabelecer a data de realização da etapa nacional e definir o órgão de governo responsável pela execução da conferência. Considerando as experiências das demais conferências, o texto pode, ainda, estabelecer o formato das etapas preparatórias, a temática e os objetivos da conferência, além de definir também o grupo de trabalho responsável por coordenar o processo.

* Colaborou Flávio Gonçalves, para hl.com

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Presidentes latinos falam sobre a identidade dos movimentos

Ponto alto das comemorações de seus 25 anos, o ato organizado pelo MST, “Diálogo sobre a integração popular de nossa América”, reuniu 1200 pessoas, 60 organizações e quatro presidentes latinos, nesta quinta (29). Realizado em Belém — em meio ao Fórum Social Mundial 2009 — o encontro dos chefes de Estado da Bolívia, do Equador, do Paraguai e da Venezuela, reafirmou a identidade dos movimentos com as conquistas obtidas nestes governos e estimulou o fortalecimento da organização social — que consideram importante para a integração do continente, sobretudo, para fazer frenta à crise.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, brincou com as diferenças etárias entre seus colegas e sintetizou o espírito do encontro. “Vejo aqui um índio boliviano (Evo Morales), um pastor paraguaio (Fernando Lugo), um economista equatoriano (Rafael Correa), e eu, um soldado, como o cubano Fidel. Sim, Fidel está aqui, ele é como parte de todos nós. Mas nós não somos presidentes. Somos tipos que andam por aí e, embora não queiram, seguiremos andando por aí. Creio que todos os dias existirão mais tipos como nós.”

Chávez fez um histórico das décadas de resistência dos movimentos sociais ao neoliberalismo. “Sempre o denunciaram, mesmo quando poucos podiam ouvir, e agora o neoliberalismo se revelou em uma grave crise. É hora de fortalecermos ainda mais nossas organizações. Precisamos propor, agir juntos. O momento é de desenvolvermos a Alba (Alternativa Boliviana para as Américas) e tantos outros sonhos que só com o apoio de povo será possível de se realizar.”

Para Evo, a participação e a integração popular estão relacionadas à aprendizagem. “Desde que cheguei aqui, fiquei olhando as gentes que passavam nas ruas, as pessoas em suas casas. Vi então neste Fórum inúmeras outras pessoas que admiro dos mais diversos lugares do mundo. Agora estou diante de vocês e posso afirmar que aqui estão os professores que me fizeram presidente.”

O papel decisivo que a população boliviana jogou para a recente aprovação de sua Constituição, a luta incessante pela garantia de bens naturais essenciais — como terra e água —, foram temas lembrados por Evo. “Direitos humanos não podem ser negócios privados, mas sim um direito público.” Diante de uma grande plateia ligada às pastorais e ao estudo da Teologia da Libertação, Evo defendeu: “um outro mundo é possível, assim como também é possível uma nova religião.”

Socialismo e participação

A reconquista da dignidade do povo Paraguaio foi o principal tema explorado por Lugo. “Qual a dimensão de nossas fronteiras? Se temos fé na América Latina, as fronteiras não deverão ser maiores do que a integração. Ela não pode ser um tratado leonino, como o que vigora sobre Itaipu, mas sim baseado na transparência e no desenvolvimento de igual para igual.”

Correa falou das iniciativas em defesa da Amazônia e problematizou as dificuldades da integração entre o Estado e a sociedade. “Não temos medo de dizer a verdade: há uma distância imensa entre o que o povo precisa e o que o Estado oferece. Para diminuir essa distância é que o Estado precisa agir em coletivo com a sociedade organizada. Por esse caminho podemos chegar ao socialismo, que é o verdadeiro resgate da sociedade.”

Todos os presidentes, cada qual a sua maneira, lembrou da importância dos movimentos populares para as grandes vitórias eleitorais que se deram nos últimos anos no continente. Além dos chefes de Estado, também a Marcha Mundial das Mulheres, a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), o movimento Jubileu (do Haiti), e o anfitrião MST compuseram a mesa.

Questão de correlação de forças

O último orador, João Pedro Stédile, do MST, proferiu seu discurso em espanhol e preferiu falar sobre correlação de forças à refletir sobre o papel dos movimentos nas eleições. “Aqui não se trata de um comício, de um convite, do protagonismo desta ou daquela parcela da sociedade, mas sim de um processo latino americano de integração pela libertação dos povos”, afirmou Stédile.

“Se trata de uma luta de classes que se dá pela co-relação de forças. Da força que o povo pode acumular e não de discursos. O povo participa das eleições para acumular força pela conquista da unidade popular. Não é pelas eleições que se enfrentará o capital. Por isso queremos a Alba, porque é um instrumento fundamental neste processo de integração, de acumulação de forças por mudanças profundas na sociedade”, disse a liderança.

Presença sentida no inédito encontro em um FSM foi a ausência do presidente Luis Inácio Lula da Silva. “Não convidamos o presidente Lula porque o Brasil está fora da Alba. Não se trata de um problema político ou de retaliação. Nós não fomos convidados para o ato de Lula com estes mesmos presidentes e compreendemos, porque o ato não incluiu os movimentos sociais. Assim como aqui não caberia países fora da Alba”, explicou ao Vermelho João Paulo, da coordenação nacional do MST.

Cantoria presidencial

Segundo João Paulo, o ato comemorativo aos 25 anos do MST foi de todos os movimentos. “Recentemente, fizemos uma mobilização de comemoração dos 25 anos no Rio Grande do Sul. Esse capítulo de hoje nos deixa muito feliz. Entendemos que essa não é apenas uma atividade do MST, mas de todos aqueles movimentos que se solidarizam e saúdam a nossa luta.”

Em clima de festa, os quatro presidentes encerraram o ato quebrando protocolos e cantando a canção Hasta siempre comandante Che Guevara, de Carlos Puebla. Leda Guevara, a filha de Ernesto Che Guevara, que estava em meio ao público, foi chamada por Chávez para subir ao palco e se juntar a cantoria, pedido que foi prontamente atendido.

Após a apresentação inusitada, os presidentes seguiram em comitiva para o Hangar, onde ocorreu um ato com o presidente Lula e que teve como tema central o enfrentamento à crise econômica pelos governos dos países latinos. O Fórum segue até 1º de fevereiro e ocorre paralelo ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, onde a elite econômica mundial está reunida.

De Belém para hl.com,
Carla Santos.

Domingo: novo salário mínimo entra em vigor

Entra em vigor no próximo domingo, dia primeiro, o novo salário mínimo, que passa de R$ 415 para R$ 465. O valor corresponde a um reajuste de 12% e terá reflexo no início de março, quando normalmente são pagos os salários de fevereiro.

O valor do novo mínimo havia sido negociado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as centrais sindicais em 2008 e foi confirmado pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, na terça-feira passada (27) durante o anúncio de corte provisório do Orçamento de 2009. O corte anunciado –o maior de ambos os mandatos do presidente Lula – foi de R$ 37,2 bilhões.

O reajuste será aplicado por meio de medida provisória. Além de atender aos sindicalistas, o governo pretende estimular o consumo com o aumento de R$ 50. Nesta sexta-feira (30), o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dá entrevista coletiva para falar do reajuste.

Os reajustes do salário mínimo causam impacto a pelo menos 21 milhões de brasileiros, segundo o Ministério do Trabalho, usando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os aposentados e pensionistas, mais de seis milhões recebem pelo menos um salário mínimo mensal.

Fonte: hl.com

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Armando Abílio: Suassuna está fora dos planos do PTB

O deputado federal Armando Abílio, presidente estadual do PTB, admitiu nesta quinta-feira, 29, que o ex-senador Ney Suassuna (PMDB) já não faz parte dos planos do seu partido. Segundo ele, “por uma questão muito simples: não sei o que Ney está querendo”.

Abílio reiterou que convidou o ex-senador a ingressar no PTB, sob o argumento de que o projeto político de 2010 passava, primeiramente, pelas eleições municipais. “Como ele não participou da campanha de 2008 não sei o que passa pela cabeça dele, enfatizou.

Sobre a tese que vem defendendo de apoiar à candidatura do prefeito Ricardo Coutinho (PSB) ao governo do Estado, o presidente estadual do PTB disse que não é oficial ainda “porque vamos levar essa discussão para a decisão interna do partido”.

De acordo com ele, existe divergência dentro do partido e lembrou que o suplente de senador Carlos Dunga defende a tese de manutenção da aliança do grupo partidário liderado pelo governador Cássio Cunha Lima (PSDB), tese também que é defendida pelo prefeito de Sousa, Fábio Tayrone.

“É legítimo e democrático que tenhamos no PTB pontos de divergência. Portanto, essa questão, no momento oportuno, vamos decidir no voto e dentro do partido nós temos 11 dos 13 votos da Executiva estadual”, lembrou.

Julgamento – O deputado Armando Abílio acredita que poderá haver reversão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que em novembro do ano passado cassou o mandato do governador Cássio Cunha Lima por unanimidade. “A situação de hoje é bem diferente e o placar é 5x2 favorável a Cássio”, afirmou.

Senador Efraim Moraes minimiza declarações de Abílio

O senador Efraim Morais (DEM) disse nesta quinta-feira, 29, que o lançamento de pré-candidaturas de aliados do governador Cássio Cunha Lima (PSDB) é importante para que ele o senador Cícero Lucena (PSDB), possam percorrer o estado. “O meu velocímetro de campanha já está rodando”, disse o senador, que nesta quinta-feira participou da posse da nova diretora da Famup, em João Pessoa.

“O lançamento dessas candidaturas é importante para que possamos conversar com prefeitos, empresários e sindicatos, e assim podermos montar um projeto de governo”, disse Efraim.

Efraim pediu “bom senso” aos aliados do governador na hora de definir o nome da coligação para a disputa de 2010. “Se existe mais de um nome com a pretensão de governar o estado, nós temos que ter bom senso e humildade na hora da escolha”, disse o senador. “Eu estou fazendo a minha parte”, acrescentou.

O senador minimizou as declarações do deputado federal Armando Abílio, também aliado do governador, mas que tem defendido o apoio à candidatura do prefeito Ricardo Coutinho ao governo. “A Paraíba sabe que tenho uma divergência localizada, em Esperança, com o deputado. Ele tem direito a ter suas opções, mas eu prefiro trabalhar pela unidade dos partidos que elegeram Cássio governador, porque se ela for mantida, venceremos de novo”, declarou Morais.

Fone: hl.com

Lúcia Braga anuncia candidatura a AL

A ex-deputada federal Lúcia Braga (PMDB) anunciou a sua candidatura a deputada estadual nas eleições de 2010, quando concorrerá a uma cadeira na Assembléia Legislativa da Paraíba. “Pretendo prosseguir minha luta em defesa da valorização da atividade política e dos projetos que notabilizaram minha atuação como parlamentar, principalmente em defesa dos direitos da mulher. Continuarei na mesma linha de atuação política, concentrando meu discurso no sentido de que a política deve ser exercida por quem prega o princípio da moralidade, da seriedade e através dela busque o benefício da coletividade”, afirmou Lúcia, que também já foi primeira-dama do estado.

Ela frisou que já ouviu dezenas de depoimentos de parlamentares amigos, inclusive de outros estados da Federação, de que não pretendem mais concorrer a cargo eletivo porque se desiludiu com a política e com a atuação pouco recomendável de alguns políticos. “Eu não vejo por esse prisma. Nós temos exatamente é que combater os maus políticos e conscientizar a população, o eleitor, a sociedade de uma forma geral, que o voto não é moeda de troca, mas sim um instrumento de transformação que a democracia nos permite para darmos significativos avanços, inclusive esse, de alijarmos da vida pública quem não tem qualquer compromisso com mudanças sociais”, arrematou.

Diante do anúncio feito pela ex-deputada fica praticamente comprometida projeto do seu sobrinho Alexandre Braga Pegado, ex-prefeito de Conceição, de sair candidato a deputado estadual em 2010. Alexandre não esconde de niguém a sua pretenção de disputar uma das 36 cadeiras da Assembléia Legislativa. A única alternativa seria uma dobradinha tendo a candidatura de Lúcia para federal, numa hipótese do atual deputado federal Wilson Braga (PMDB) seguir em frente com a pretenção de sair candidato novamente ao Senado Federal. Neste caso, voltaria atrás no apoio ao empresário Deca do Atacadão, lançado por Braga para federal semana passada.

Com a experiência da vários mandatos, inclusive o de deputada Constituinte, e com uma vasta folha de serviço prestado, Lúcia Braga enfatizou que a missão do político torna-se nobre quando existe uma idealização em torno do bem comum. “Em todos os meus mandatos procurei fazer o melhor e entendo que ainda há muito caminho pela frente para se alcançar uma qualidade de vida decente para o nosso povo e assim diminuir a desigualdade social, que gera tantos malefícios à sociedade. Como deputada estadual estarei mais próxima das bases, dos municípios paraibanos, ouvindo as reivindicações de cada um para assim continuarmos as ações que já empreendemos, especialmente as voltadas para a mulher”, concluiu.

Fonte: wscom com hl.com

Blog da Rádio Diamante FM é lançado na internet

Atendendo a todos os dispositivos legais do Serviço de Radiodifusão Comunitária que foi criado pela Lei 9.612, de 1998 e regulamentada pelo Decreto 2.615, o jornalista Hélder Loureiro juntamente com outros membros da comunidade, tiveram a coragem e ousadia, sobretudo, de fundar, em 17 de janeiro de 1998, a Associação Diamantense de Radiodifusão Comunitária, que hoje detém o poder de explorar o serviço de radiodifusão comunitária na cidade de Diamante, sertão da Paraíba.

No ar desde o dia 20 de abril de 2002, a Rádio Comunitária Diamante FM vem exercendo plenamente o seu papel histórico no contexto da comunicação democrática e cidadã, sendo, portanto, um canal verdadeiramente comprometido com as questões locais, mas, sobretudo, a liberdade de expressão, que é um direito fundamental a garantia de justiça social, de democracia e de paz.

Sendo assim, nosso blog pretende ser ainda um elo de comunicação entre todos os internautas e radioamantes, que tem nesse espaço a garantia plena do exercício livre de sugerir tudo aquilo que possa efetivamente construir um novo canal de comunicação para Diamante. Nossa proposta, além de refletir e discutir a radiodifusão comunitária no país, será, também, levar a informação com imparcialidade de tudo o que acontece em Diamante e todo Vale do Piancó, sem contar com as informações a nível estadual que estaremos publicando nesse espaço.

Qualquer sugestão, podem escrever para a sede de nossa entidade que fica localizada na Rua Abílio Sérvulo, 50, Centro, Diamante, Estado da Paraíba. CEP.: 58.994-000. Se preferir você pode entrar em contato pelos telefones de nosso editor: (83) 9979-4308ou 3366-1933. Mensagem eletrônica pode ser enviada para nosso e-mail: radio.diamantefm@hotmail

O editor responsável pela edição de matérias nesse blog é o jornalista profissional Hélder Loureiro, que desde já agradece a colaboração de todos com sugestões e críticas.

Antes, uma organizaão não-governamental, não-ideológica e não-lucrativa, tem algo a dizer, leia, Rádio Comunitária Diamante FM:

Quando uma pessoa vai presa por manter um blog, isso lhe incomoda?

Não há quem não conheça a palavra "liberdade". Mas, sozinha, ela quer dizer muito pouco; liberdade precisa de um objeto para o qual ser livre. Ela surge de algo que cerca, cerceia. Conquistamos nossas liberdades à medida em que conhecemos seus contrapontos; e é preciso reinventá-las todos os dias. Se cessarmos essa procura, ficamos acomodados, e assim a liberdade termina. Redescobrimos sua necessidade dia após dia - afinal, não sabemos de tudo. Se soubéssemos, talvez muita coisa fosse diferente. Saber é importante e todos deveríamos ter o direito de saber das coisas, não?

Pois temos. Isto se chama liberdade de informação - e garante que um indivíduo receba informação de outro. Isso é suficiente? Nem sempre, porque para que a informação chegue é preciso termos assegurada nossa liberdade de expressão - o direito que um indivíduo tem de manifestar-se livremente, desde que não atente à moral e integridade física de outro indivíduo. Logo, as duas andam de mãos dadas, e assoviando. Elas reafirmam que nós, pessoas "livres", temos o direito de receber e de produzir informação. É o que basta? Não. Não adianta nada eu expressar minha opinião no banheiro ou numa sala vazia; da mesma maneira que é inútil ficar com o ouvido alerta na varanda de casa e a informação não chegar. Porque há alguma coisa aí no meio: de fato, é O MEIO. A mídia; o que está entre a informação criada e a informação recebida. Entre cada um de nós. Numa conversa pelo celular, a mídia é o aparelho de telefone. Quando assistimos o telejornal da noite, a mídia é a TV - e, antes dela, a imprensa. Que está entre o que acontece de fato e o que é notícia. Assim, se a imprensa não fosse livre, nada adiantaria sermos livres para produzir e receber informações. Para nossa sorte, na maioria dos países conquistou-se também essa liberdade: a de imprensa.

Tendo o produtor, o meio e o receptor livres diante do fluxo da informação, então podemos conquistar a Liberdade de Comunicação.

Hoje, eu e você somos livres para informar e sermos informados, num fluxo que trafega por meios livres. Mas não vivemos num mundo livre. Liberdade por si só não é suficiente, porque ela não pressupõe naturalmente outro conceito importante: democracia. A mídia tradicional (rádios, TVs, jornais, portais web) está longe de ser proporcional à quantidade de informação produzida, tanto quanto ao número de indivíduos que as recebem. As pontas são infinitamente maiores que os meios existentes. Há um estrangulamento. E quando isso acontece, alguma coisa fica de fora do fluxo. É isso que a mídia tradicional faz: filtrar. Selecionar informações para distribuí-las ao maior número de pessoas possíveis - donde o termo "meios de comunicação de massa". Poucas informações produzidas são veiculadas, poucos produtores tem poder para comunicar o que querem, e poucas opções temos de receber o que de fato queremos. E se não recebemos, a informação existe? De fato, sim; na prática, não. É o sujeito que grita na sala vazia. Sujeito que talvez tenha coisas relevantes a dizer. Todos nós temos coisas a dizer, sim. Por que não teríamos?

No modelo vigente, a mídia escolhe por nós. Ela cerceia a própria liberdade que tanto precisa, em nome de uma efetividade - muitas vezes, manchada pela face comercial que a viabiliza (quando não é a própria razão de existir).

Mas eu quero falar. Quero falar o que eu quiser. E falar para quem eu quiser. Para quem quiser me ouvir e que vai poder me achar. Quero ouvir. Ouvir o que eu quiser. E ouvir de quem eu quiser. De quem quiser me falar e que vou poder encontrar. Essa é a verdadeira liberdade e democracia da comunicação. Isso, os meios de massa jamais poderão oferecer, mas a Internet sim: com o blog. Uma ferramenta pessoal, acessível, de baixo custo, sem intermediários, apoiada em uma mídia instantânea e de alcance global.

Não apenas o diário virtual, o blog é o suporte tecnológico de uma revolução na exposição de idéias, na distribuição de informação, na democratização da comunicação. Na internet, qualquer sujeito que quiser exercitar sua liberdade de expressão encontra um sujeito exercitando sua liberdade de informação. Isto é liberdade. Isto é democracia. Esse é o direito que deve ser assegurado.

Não há confronto com a mídia de massa. Pelo contrário; o que queremos é que se garanta o mesmo poder e a mesma liberdade que é dada à imprensa para o indivíduo. Da mesma forma que já compartilham democraticamente estas duas esferas - mídia tradicional e blogs - a própria constituição da informação e seu desencadeamento. Que a blogosfera ande junto com aquela imprensa que é responsável e idônea! A informação da grande mídia, por exemplo, tem agora um local onde pode ser debatida, contestada ou corroborada. Porém, mais do que amplificar a imprensa, os blogs crescem ainda mais em relevância quando tornam-se um canal alternativo, onde circulam as informações que a mídia tradicional não cobre. A liberdade impulsiona para a descentralização: ganha o indivíduo. Ganhamos todos nós.

Dan Gillmor, jornalista norte-americano, papa dos blogueiros, defensor do citizen journalism e autor do livro We the Media, julga a blogosfera como uma "câmara de eco". Para Gillmor, as idéias movem-se por ela como vírus. É impossível pará-las de todo, e o único impedimento de uma "contaminação" é o querer do sujeito, que pode passar de simples receptor passivo a produtor e crítico num piscar de olhos. O nascimento, a legitimação e o fortalecimento de uma nova via de informação depende apenas que cada cidadão coloque em prática a prerrogativa de suas liberdades conquistadas. O aparato tecnológico está disponível, e onde não estiver, deve ser levado. Cercear, normatizar e delimitar esse suporte, ou o conteúdo nele contido, é aprisionar o indivíduo no momento em que ele mostra sua força como indivíduo. Incentivar e lutar pela liberdade de comunicação é criar uma forma inédita para a produção, a compreensão e a discussão da informação. E se hoje a informação é o poder, nunca ele esteve tão próximo de cada um de nós, livre e democraticamente.

Diante do exposto, essa sempre foi nossa luta em favor da comunicação democrática e da liberdade de expressão.

Por Hélder Loureiro Pegado,
Editor Responsável.

Paróquia N. S. da Conceição celebra festa de São Sebastião

Como acontece todos os anos a Paróquia Nossa Senhora da Conceição da cidade de Diamante, cidade localizada no região de Vale do Piancó, mesoregião de Cajazeiras, alto sertão paraibano preparou uma grande festa para celebrar a festa de São Sebastião, que há mais de um século acontece na comunidade.

A festa começou com um tríduo religioso, dia 17 e terminou, dia 20 com procissão e missa solene na Igreja Matriz da cidade. De acordo com padre Dácio José do Nascimento, vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, a festa foi coroada de sucesso, já que é um momento em que toda a comunidade se envolve e participa.

Um dos momentos fortes da festa é a procissão de São Sebastião que percorre várias ruas da cidade até chegar a matriz, onde é celebrada missa para centenas de fiéis que lotam as dependências da igreja.

A exemplo de anos anteriores, Antuza Abílio e Armando Abílio, compareceram a festa religiosa que é tradição na família. Os irmãos sentem-se responsáveis pela organização do evento, que vem desde os seus antepassados.

Quem foi São Sebastião

Originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).
De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 (depois da Era Comum) com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiliano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal - a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Porém, Sebastião não faleceu, foi atirado no rio, pois foi dado como morto e encontrado muito longe de onde foi atirado e socorrido por Irene (Santa Irene). Mas, depois, foi levado novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que lhe fosse espancado até a morte. Mesmo assim, ele não teria morrido. Acabou sendo morto transpassado por uma lança.

Fonte: hl.com

Pe. Djaci Brasileiro fala de importância da CF sobre violência

A Campanha da Fraternidade (CF), realizada todos os anos pela CNBB, teve início em 1964 com temas que diziam respeito apenas à Igreja. A partir de 1973, a CF começou a mostrar uma maior preocupação com a realidade social do povo brasileiro e os temas começaram a dar destaque a promoção da Justiça e a situações existenciais do povo brasileiro como a realidade sócio-econômico-política, marcada pela injustiça, pela exclusão e por altos índices de miséria.

De acordo com o pe. Djaci Brasileiro, ex-pároco de Diamante, uma das motivações para que o tema da CF de 2009 seja a Segurança Pública foram os constantes pedidos feitos pela Pastoral Carcerária, organismo pertencente à CNBB que cuida da evangelização em unidades prisionais de todo o país. Além da Pastoral Carcerária, as dioceses e as regionais da Conferência por todo o país também solicitaram a adoção desse tema.

Ainda de acordo com o religioso, A Campanha da Fraternidade é especialmente manifestada na evangelização libertadora, momento que clama a renovar a vida da Igreja a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados à luz do Projeto de Deus, os quais devem ser vivenciados por três elementos fundamentais da espiritualidade quaresmal: a oração, o jejum e a esmola.

Para o pe. Djaci Brasileiro, esse é um momento importante para a Igreja e para a sociedade debater sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família e na comunidade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos, sobretudo, na renovação da consciência da responsabilidade, de todos, na evangelização, na promoção humana, em vista de uma sociedade justa, de inclusão social e solidária.

Fonte: hl.com

Rádios Comunitárias mantêm "pé atrás" com projeto do Executivo

É com grande desconfiança que as entidades e organizações da sociedade civil receberam o projeto de lei redigido pelo Executivo e enviado ao Congresso Nacional com o objetivo de propor a descriminalização do ato de operar serviço de radiodifusão sem concessão. Além dos próprios nós envolvendo uma nova regulamentação, justificam o “pé atrás” lembrando a conturbada relação entre o governo Lula e as rádios comunitárias, marcada pela continuidade da perseguição e fechamento de emissoras.

O envio do projeto ao Congresso foi registrado no Diário Oficial da União no último dia 15. O teor completo do documento ainda é desconhecido, mas as informações repassadas pelo Ministério da Justiça apontam perspectivas positivas para os cidadãos acusados criminalmente por operar rádios comunitárias sem autorização. No entanto, o projeto cria severas punições administrativas que podem até mesmo inviabilizar o funcionamento de muitas delas.

O grande mérito da proposta é, evidentemente, o fim das punições na esfera criminal. O texto produzido pelo Ministério da Justiça (MJ), com apoio da Casa Civil, altera o Artigo 183 da Lei Geral de Telecomunicações, acabando com as sanções penais à transmissão clandestina de telecomunicações que seja identificada como radiodifusão. Revoga também o Artigo 70 do Código Brasileiro de Telecomunicações, que criminaliza “a instalação ou utilização de telecomunicações, sem observância do disposto nesta Lei e nos regulamentos”.
São justamente esses dois artigos utilizados para justificar a prisão e abertura de processos criminais contra os responsáveis pelas emissoras comunitárias. O entendimento do governo é de que deve ser considerado crime apenas o que atenta contra os “bens jurídicos da humanidade”, ou seja, não causa prejuízos a ninguém. Portanto, o mero funcionamento de uma rádio não poderia ser considerado crime, mesmo a emissora estando em desacordo com a lei.

Segundo informa o Ministério da jUSTIÇA, a proposta inclui ainda uma mudança no Código Penal. Este passaria a prever como crime apenas a transmissão de sinais de radiodifusão – autorizada ou não – que cause danos à segurança ou à saúde, por exemplo, interferindo na comunicação da polícia ou entre ambulâncias.
“É um projeto que tem uma parte positiva e outra negativa”, avalia o jornalista Hélder Loureiro, diretor do Fórum de Entidades Democráticas pelo Direito à Informação na Paraíba. A proposta é que descriminaliza o ato de praticar radiodifusão e não haverá respaldo da lei para as invasões da Polícia Federal e da Anatel. Mas, por outro lado, as penas administrativas são muito fortes; não há dúvidas de que qualquer iniciativa no sentido de descriminalizar a prática da radiodifusão comunitária é importante. O problema é que, no caso do projeto do governo, o endurecimento das penas administrativas é absolutamente despropositado e cria efeitos muito negativos”, avalia.

Ao tratar da descriminalização, o projeto em pauta não distingue a natureza da programação veiculada ou da organização responsável pela emissora considerada não-autorizada. Neste caso, seriam beneficiadas por estas modificações tanto as rádios comunitárias, como rádios e TVs de caráter comercial que operem sem a devida licença.

Segundo informações do MJ, o texto que está sendo finalizado propõe novas sanções à rádio comunitária funcionando sem autorização: a apreensão dos equipamentos, multa e suspensão do processo de autorização da outorga ou a proibição de que a associação possa se habilitar para um novo processo até o pagamento da multa.

Entre outras indefinições, a proposta do MJ não define os valores das multas. ”Isso é perigosíssimo. Se algum governo quiser impedir a prática da radiodifusão comunitária basta estabelecer um valor impraticável”, afirma Ribeiro.
Para Hélder Loureiro, isso poderia significar o fim de muitas rádios. ”Deveria haver advertências, prazos e uma quantificação, pois se ficar em aberto quem estiver com o ‘bloco na mão’ decidirá.”

Punições para as autorizadas

O projeto também pretende modificar as punições para irregularidades cometidas por rádios comunitárias autorizadas no que diz respeito à veiculação de publicidade, uso de equipamentos fora das especificações e a prática de proselitismo de qualquer natureza, entre outras. Nestes casos, estabelece três categorias de infrações: regulares, graves e gravíssimas.

As chamadas infrações gravíssimas não prevêem o escalonamento de penas, existente em todas as leis de radiodifusão ou telecomunicações. Nesta categoria, são incluídas a prática de proselitismo, a transferência da autorização a terceiros e a transmissão não-autorizada.

Questiona-se, portanto, qual seria a motivação do Executivo em levar a cabo um projeto com estas previsões extras em relação à radiodifusão comunitária quando apenas o seu objeto central – a descriminalização da prática de radiodifusão não-autorizada – já causaria suficiente polêmica.
“O governo Lula tem uma dívida com o movimento de radiodifusão comunitária e acha se ao menos essa iniciativa, da descriminalização, não for tomada agora, não haverá mais tempo para, ainda durante a gestão do Lula, aprovar o projeto no Congresso”, acredita o jornalista. “No entanto, o setor da comunicação esteve, e continua a estar, subordinado ao interesse dos radiodifusores comerciais.”

Fonte: hl.com

Casagrande propõe instituição do serviço de televisão comunitária

Aguarda recebimento de emendas, até o próximo dia 3 de fevereiro, projeto de autoria do senador Renato Casagrande (PSB-ES) destinado a instituir o serviço de televisão comunitária, que, entre outros objetivos, deverá ampliar a abrangência social desse veículo. A proposta, que tramita na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), complementa o serviço de radiodifusão comunitária sonora que é disciplinado pela Lei nº 9.612, de 19 de fevereiro de 1998.

Segundo o projeto de Casagrande (PLS 483/08), assim como ocorre em relação às emissoras de rádio comunitária, o serviço de televisão comunitária será concedido a fundações e associações de caráter comunitário sem fins lucrativos, com sede na localidade de prestação de serviço, e será operado mediante a utilização da tecnologia do sistema de digitalização de sinais adotado no país. De acordo com o autor da proposta, a concessão do serviço segue "os mesmos delineamentos legais conferidos ao serviço de radiodifusão comunitária sonora (rádios)", bem como os mesmos princípios que caracterizam esse serviço.

Pelo texto do projeto, caberá ao poder concedente designar, em âmbito nacional, para utilização do serviço, pelo menos dois canais de operação de serviço de radiodifusão de sons e imagens, sendo um em VHF e outro em UHF, por região, dentro do Plano Básico de Distribuição de Canais Digitais (PBTVD) do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T).

A outorga que vier a ser concedida para esse serviço terá validade de 15 anos - cinco anos a mais do que o período autorizado para as rádios comunitárias. Fica permitida a renovação da outorga por igual período se todas as exigências da legislação vigente tiverem sido cumpridas.

O projeto foi apresentado por Casagrande em dezembro do ano passado e, depois da fase de recebimento de emendas, terá um relator designado e será votado, em decisão terminativa, na CCT.

Fonte: Agência Senado com hl.com

O direito à comunicação como forma plena ao exercício da cidadania

A partir do momento em que se tentou fazer a primeira regulamentação do setor de radiodifusão instalou-se um novo poder no Brasil, o poder das empresas que atuam na área. O Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei 4.117/62) nasceu sob o crivo da ABERT, antes mesmo dela existir. A ABERT foi criada em 27 de setembro, dois meses depois da promulgação lei. Isto é, ao se fazer o ajuste legislativo para normatizar as atividades das empresas de comunicação, elas já mostravam que tinham o poder. O Estado cedeu diante da pressão, priorizando os interesses dos empresários sobre o da população.

O Estado militar, instaurado em 1964, não modificou esta relação de forças. Pelo contrário, o golpe foi conspirado e viabilizado com a participação efetiva dos grandes órgãos de imprensa. Certamente ele não teria acontecido se esta relação do empresariado das comunicações com o poder não fosse tão íntima e os interesses não fossem os mesmos. A censura que posteriormente se abateu sobre eles foi algo com que não contavam, mas era e é natural num processo ditatorial. E se os empresários da comunicação, posam hoje como defensores da democracia, é porque acham que a gente não tem memória. Muitos lucraram com o regime ditatorial.

O que aconteceu ao longo do tempo foi que o Estado brasileiro, dominado pelas elites jurássicas, grudou-se às empresas de comunicação, e estas usaram-no e usam-no conforme seus interesses. Tal relação gera inversões de conceitos. Por exemplo, o espectro eletromagnético pertence à União, a concessão é de algo que pertence à União, porém, nas relações com o Estado e com o povo, o concessionário – a emissora – se considera acima destas instâncias. Basta ver que há um flagrante desrespeito à Constituição, no que tange ao cumprimento de regras estabelecidas na Lei maior: promover a educação, a cultura, as artes; não formar monopólio; promover a cultura regional... Nada disso é seguido e não há um órgão capaz de dizer não.

Os direitos civis dizem respeito à personalidade do indivíduo (liberdade pessoal, de pensamento, de religião e liberdade econômica), através do qual é garantido a ele uma esfera de arbítrio, desde que seu comportamento não viole os dos outros. São direitos de primeira geração.

De segunda geração, são os direitos políticos (liberdade de associação nos partidos, direitos eleitorais) que estão ligados à formação do Estado. E, por fim, os direitos sociais (direito ao trabalho, à assistência ao estudo, à tutela da saúde), regido pelas novas exigências da sociedade.

A informação – na forma da liberdade de pensamento, de expressão, de culto e reunião – enquanto insumo básico da cidadania faz parte da primeira geração dos direitos humanos. No entanto, fora das ditaduras e dos governos autoritários, a informação tomou o caráter de produto. Veste-se de democrata, propaga-se como instrumento do chamado mundo livre, oculta assim seu aspecto discriminador.
Informação tem propriedade e ideologia. Não há como considerar que há democracia nos meios de comunicação se há um controle empresarial, de mercado, e não da população, sobre suas atividades. Não há democracia nos meios de comunicação se o Estado se omite do seu papel de guardião dos direitos da população e cede às pressões do poder do mercado.

Os direitos humanos não podem existir sem liberdade de palavra, de imprensa e de reunião. As transformações dessas liberdades num direito de comunicar, individual ou coletivamente, é um princípio evolutivo no processo de democratização.
“Hoje em dia se considera que a comunicação é um aspecto dos direitos humanos. Mas esse direito é cada vez mais concebido como o direito de comunicar, passando-se por cima do direito de receber comunicação ou ser informado. Acredita-se que a comunicação seja um processo bidirecional, cujos participantes – individuais ou coletivos – mantém um diálogo democrático e equilibrado. Essa idéia de diálogo, contraposta a de monólogo, é a própria base de muitas idéias atuais que levam ao reconhecimento de novos direitos humanos.”

Do mesmo modo como o termo “democracia” é estuprado quando citado pela ABERT, também o é “comunicação. Diz Luis Ramiro Beltrán, da Colômbia):
“O que ocorre freqüentemente, sob o rótulo de comunicação, é pouco mais que um autoritário monólogo, no interesse do iniciador do processo. Não se emprega a retroalimentação para dar oportunidade de autêntico diálogo. O receptor das mensagens é passivo e submisso, pois quase não lhe dão oportunidades proporcionais de agir com verdadeiro e livre emissor; seu papel essencial consiste em escutar e obedecer. Uma relação social tão vertical, assimétrica e quase autoritária constitui num exemplo antidemocrático de comunicação. Devemos ser capazes de construir um conceito novo de comunicação. Um modelo humanizado, não elitista, democrático e não-mercantil.”

“Na época da Ágora e do foro, na época da comunicação interpessoal direta, surge primeiro – conceito básico para todo o progresso humano e para civilização – a liberdade de opinião. O surgimento da imprensa, que foi o primeiro dos meios de expressão de massa, provocou, pela sua própria expressão e contra as prerrogativas de controles reais ou religiosas, o correlato conceito de liberdade de expressão. O século 19 caracterizou-se por lutas constantes em prol da liberdade. A chegada sucessiva de outros meios de comunicação de massas – cinema, rádio, televisão – da mesma forma que o abuso de todas as propagandas em véspera de guerra, demonstraram rapidamente a necessidade e a possibilidade de um direito preciso, porém mais extenso, a saber, o de procurar receber e difundir as informações e as idéias sem consideração de fronteiras. Hoje em dia parece possível um novo passo adiante: o direito do ser humano à comunicação.”

O Art. 5º da Carta Magna estabelece como direitos e deveres individuais e coletivos que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato” (inciso IV) e que “é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença” (inciso IX).

Se aqui libera, no artigo 223, fecha. Lá se diz que “compete à União outorgar e renovar concessão, permissão, autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens...”. Uma leitura na visão dos donos da comunicação no país, diz que você pode falar desde que não seja numa emissora de rádio ou televisão. Neste caso, precisaria do Estado para outorgar; mas, sendo o Estado vassalo da ABERT...
No entanto, conforme o juiz federal Paulo Fernando Silveira, de Minas Gerais, o Artigo 5 é cláusula pétrea. Está acima de qualquer outra injução desta mesma Lei. Portanto, se há liberdade, não pode haver outro que restrinja. No caso, deve-se ler o Artigo 223 quando se tratar de demanda que atinja todo Estado. Por exemplo, as rádios comunitárias seriam da alçada do município e não da União. E, acima de tudo, vale a cláusula da liberdade individual.

“O princípio básico de que o indivíduo ou grupo tem habilidade de expressar diferentes e impopulares pontos de vista, sem prévia contenção ou punição, constitui elemento necessário para qualquer sociedade livre e democrática. É indispensável tanto para o indivíduo quanto para sociedade. Sem liberdade de expressão, o indivíduo não é verdadeiramente livre. E não pode ser um ativo participante ou manter o respeito próprio e sua dignidade. Expressão não é o que o indivíduo faz; é, no sentido mais profundo, parte integral do que o povo é”. (David Kairys, 1993).
O que se debate, portanto, são os direitos coletivos diante de uma minoria que detém o poder econômico, político e, assim, o de comunicação – ou na ordem inversa. Se esta minoria faz as leis, exatamente para conter a expressão do povo, a legítima democracia nos meios de comunicação, a lei deve ser acatada? Evidentemente que não. O Estado, a priori, existe para dar felicidade ao povo. Quando ele foge de sua missão e função, e impõe regras que não servem ao povo, que se mude o governante ou as regras.

A Anatel poderia se guiar pela FCC (Federal Comunication Comisson, dos EUA). Em 1940, a Suprema Corte dos Estados Unidos tomou posição diante de uma pendenga com as emissoras de rádio que alegavam violação ao direito de propriedade porque o FCC colocara outros concessionários numa mesma área. A decisão da Suprema Corte se tornou jurisprudência internacional: “A orientação da lei é clara. Ninguém pode alegar direito de propriedade como resultado de uma concessão. O propósito da lei não é proteger concessionárias contra a competição, mas proteger o público.”
Em 1975, a mesma FCC proibiu que fossem outorgadas futuras concessões de rádio ou televisão a proprietários de jornais diários. Os donos de jornais consideraram que feria a liberdade de expressão dos proprietários de jornais. Mais uma vez a Suprema Corte foi chamada a opinar, e sua posição foi precisa: “o argumento ignora a proposição fundamental de que não há direito de radiodifusão que se possa comparar ao direito de cada indivíduo falar, escrever ou publicar”. Segundo a Corte, a escassez de canais impunha a regulamentação e a questão era menos de direitos pessoas que de “interesse públicos”, ferido pela posse de muitos meios eletrônicos, ou a posse simultânea de rádios ou TVs e de imprensa gráfica.

Evidentemente que os Estados Unidos não se constituem em modelo para ninguém de país que respeita os direitos humanos, os deles e muito menos os de fora. Mas o que se explicita aqui é a necessidade de se estabelecer fronteiras para expansão de monopólios e, deste modo, evitar a onipresença de uma fonte única e sistemática de informação, como ocorre hoje no Brasil. A Constituição brasileira – Art. 220 – diz claramente que o monopólio e o oligopólio são proibidos. O Estado não obriga a obediência a esta norma, e essa nada acontece. Os direitos da ABERT estão sempre acima dos direitos do cidadão comum, essa é a grande verdade e ponto final.

Hélder Loureiro é jornalista, radialista e advogado.

Rádio Diamante FM: Uma alternativa no ar, diz Omar Ventura

No Brasil, começou-se a falar em rádios comunitárias no início da década de 90, quando as rádios ilegais passaram a ser utilizadas em maior escala pelas comunidades de vários bairros. "Antes as rádios eram mais de cultura alternativa e de repente com o grande crescimento das rádios, muitas passaram a ter um trabalho mais vinculado à comunidade. Por definição, as rádios comunitárias são as que prestam serviço aos interesses da comunidade", afirma a jornalista e pesquisadora Marisa Meliani, Mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.

As rádios comunitárias têm um formato semelhante ao do rádio brasileiro da década de 20. As emissoras possuem entre seus ideais propagar a cultura, o lazer e a educação. Nascem também no formato de associações e são mantidas com contribuições e apoios culturais. Além disso, é comum na rádio comunitária que o apresentador de um programa seja, ao mesmo tempo, o produtor, o redator e o locutor.

Uma das maiores dificuldades para abertura de uma rádio comunitária encontra-se na própria legislação. Um enorme aparato burocrático impõe diversas limitações às entidades que pleiteiam esse tipo de serviço. O decreto 2.615,de 3 de junho de 98, que aprova o funcionamento regulamentado do serviço de Radiodifusão Comunitária diz o seguinte:
"Em localidades cuja área estiver circunscrita a um círculo com raio menor ou igual a 3,5km, somente será expedida uma autorização de RadCom. São competentes para executar o RadCom fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, desde que legalmente instituídas e devidamente registradas, sediadas na área da comunidade para a qual pretendem prestar o serviço, e cujos proprietários sejam brasileiros natos ou naturalizados a mais de dez anos. A potência efetiva irradiada por emissora de RadCom será, no máximo, 25 Watts. A cobertura restrita de uma emissora de RadCom é a área limitada por um raio igual ou inferior a mil metros a partir da antena transmissora, destinada ao atendimento de determinada comunidade de um bairro, uma vila ou uma localidade de pequeno porte."

"As limitações impostas pela legislação dificultam muito nosso trabalho", argumenta Omar Ventura Pegado, presidente da Rádio Comunitária Diamante FM. Fundada em 17 de janeiro de 1998, a rádio percorreu um longo caminho para conseguir a autorização e hoje explorar o serviço de radiodifusão na comunidade. Foi preciso, nesse processo, preencher calhamaços de formulário e encaminhá-los para o Ministério das Comunicações e a Anatel, em Brasília, sem contar com o cumprimento legal para seu real funcionamento. Mesmo com tantas dificuldades, a rádio permaneceu no ar por um longo período de tempo, mas hoje, devido a irresponsabilidade de algumas pessoas e falta de gerenciamente, a única emissora de rádio em Diamante está fechada, devido a uma série de irregularidades constatadas pelos fiscais da Anatel, em recente visita a entidade, argumentou.

Segundo Omar Ventura Pegado, uma rádio de caráter comunitário preocupa-se fundamentalmente em ceder espaço para os vários setores de uma determinada comunidade, o que infelizmente não vinha ocorrendo na Diamante FM. O que ocorre na verdade é que não existe pluralidade na entidade, concluiu.

Mesmo diante do impasse gerado do ponto de vista de gerenciamento da Rádio Comunitária Diamante FM, a entidade continua viva e autônoma e por isso não vai ceder aos caprichos pessoais, familiares e de grupos políticos que venham a inviabilizar seu funcionamento. De acordo com Omar Ventura, diretor-presidente da emissora, todas as medidas estão sendo tomas para a rádio voltar ao ar, inclusive com um novo formato em sua programação e, sobretudo, com a participação da comunidade.

Para o jornalista Hélder Loureiro, a maior importância das rádios comunitárias é o seu papel social, enquanto porta-vozes de uma grande parcela da população, que não tem canal de comunicação próprio. Essas emissoras representam, assim, a voz da comunidade fazendo-se ouvir, buscando uma resolução para os seus problemas, com vistas a um avanço social.

Após anos de censura, alternados com momentos de liberdade, o Brasil inteiro se prepara para a Terceira Onda da Comunicação: Rádios e Tevês Comunitárias. Prática muito recente no Brasil, mas que já se faz em diversas comunidades, a radiodifusão comunitária consiste num exemplo de trilha que pode se tornar um largo caminho para a sociedade do próximo milênio, disse Hélder Loureiro.

Fonte: hl.com